Crônica 4z3869

A crônica é um gênero textual discursivo que narra situações cotidianas da vida urbana. 5c734x

A crônica é um gênero textual típico dos séculos XIX, XX e XXI, normalmente sendo encontrada em jornais ou revistas. Em muitos casos, célebres cronistas – tais quais Lima Barreto ou Luís Fernando Veríssimo – reúnem suas crônicas em livros. 3z6dw

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Características da crônica 6d44r

Veja, a seguir, as principais características da crônica.

  • O fator principal que define a crônica é sua temática: crônicas abordam assuntos vinculados ao cotidiano das cidades.

  • Um bom cronista é aquele que narra situações banais sob uma ótica particular e criativa.

  • É comum que esse tipo de texto tenha marcas claras de humor.

  • A linguagem da crônica costuma ser coloquial  e simples. A leveza na linguagem é típica do gênero.

  • Normalmente, as crônicas são publicadas em jornais, revistas e blogs.

Tipos de crônica 1gp1n

A produção de crônicas está diretamente ligada à difusão da imprensa na sociedade. Foi por meio dos jornais que, a priori, as crônicas começaram a circular na vida dos cidadãos. Entretanto, se esse espaço de publicação ainda é o mais utilizado pelos cronistas, os tipos de crônicas que existem são diversos. De algum modo, é possível dizer que existem dois tipos de crônica: as narrativas e as jornalísticas.

  • Crônica narrativa: são aquelas que não apresentam estruturas textuais argumentativas ou reflexivas predominantes. Nesse caso, a crônica pode ser definida como um gênero literário marcado pela narração de situações cotidianas sob uma ótica individual.

  • Crônica jornalística: Diferentemente da anterior, as crônicas jornalísticas misturam as tipologias textuais narrativa e argumentativa. Isso porque, a partir da narração de fatos cotidianos, os cronistas de jornal promovem reflexões e desenvolvem teses e argumentos.

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Normalmente, as crônicas jornalísticas abordam assuntos de relativa importância social. Leia, a seguir, uma crônica jornalística escrita por Lima Barreto diante de um fato, infelizmente, cotidiano: a violência contra as mulheres.

Não as matem

Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida, é um sintoma da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio, quand même, sobre a mulher.

O caso não é único. Não há muito tempo, em dias de carnaval, um rapaz atirou sobre a ex-noiva, lá pelas bandas do Estácio, matando-se em seguida. A moça com a bala na espinha, veio morrer, dias após, entre sofrimentos atrozes.

Um outro, também, pelo carnaval, ali pelas bandas do ex-futuro Hotel Monumental, que substituiu com montões de pedras o vetusto Convento da Ajuda, alvejou a sua ex-noiva e matou-a.

Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros.

Eles se julgam com o direito de impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos querem tudo que é de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão.

O ladrão ainda nos deixa com vida, se lhe amos o dinheiro; os tais ionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não; matam logo.

Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas.

[...]

O esquecimento de que elas são, como todos nós, sujeitas, a influências várias que fazem flutuar as suas inclinações, as suas amizades, os seus gostos, os seus amores, é coisa tão estúpida, que, só entre selvagens deve ter existido.

Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a inanidade de generalizar a eternidade do amor.

Pode existir, existe, mas, excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver, é um absurdo tão grande como querer impedir que o sol varie a hora do seu nascimento.

Deixem as mulheres amar à vontade.

Não as matem, pelo amor de Deus!

Lima Barreto, 1915.

  • Crônica humorística: Tanto nas crônicas narrativas quanto nas jornalísticas, é muito comum que o humor seja uma das tônicas do texto. O uso da ironia, de comparações inusitadas ou ainda a tematização de assuntos cômicos por excelência são algumas das técnicas usadas pelos cronistas.

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Como fazer uma crônica 3g2i2k

Para fazer uma boa crônica, é preciso, inicialmente, ser um observador da sociedade. A visão particular e inusitada do cronista é que confere originalidade ao gênero. Além disso, é necessário usar uma linguagem leve, muitas vezes coloquial, e procurar demonstrar como o cotidiano pode ser cheio de significados.


Fonte: Brasil Escola - /redacao/cronica.htm