Conceição Evaristo é uma autora brasileira. Ela nasceu na cidade mineira de Belo Horizonte, no dia 29 de novembro de 1946. Mais tarde, trabalhou como professora, fez faculdade de Letras, mestrado e doutorado, além de ganhar o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura e o Prêmio Jabuti. 452v4x
A escritora é autora de romance, conto e poesia, e um nome de peso da nossa literatura contemporânea. Suas obras apresentam temas associados à condição da mulher e da pessoa negra na sociedade brasileira. Seus textos literários são marcados por forte lirismo. No campo teórico, Evaristo é criadora do termo “escrevivência”.
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Conceição Evaristo nasceu em 29 de novembro de 1946, em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais.
A autora vivia em uma favela de Belo Horizonte. Fazia parte de uma numerosa família, sustentada por sua mãe, dona Joana, que era lavadeira e adeira. Quando fez sete anos, Conceição Evaristo se mudou para a casa de uns tios. O casal vivia em melhores condições, e isso permitiu que a autora pudesse estudar em uma escola pública.
Na juventude, trabalhou como empregada doméstica, mas também estudava, de forma que concluiu o curso de magistério em 1971.
Em 1973, mudou-se para o Rio de Janeiro e ou a trabalhar como professora de escola pública. Somente em 1987 pôde ingressar na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Já na década de 1990, publicou seus primeiros poemas. Por fim, em 2003, publicou seu primeiro livro, o romance Ponciá Vicêncio.
Terminada a graduação, Conceição Evaristo fez mestrado em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Em 2012, no Middlebury College Summer Schools, nos Estados Unidos, ministrou curso sobre mulheres negras e afro-brasilidade.
A autora recebeu os seguintes prêmios:
Conceição Evaristo foi casada com Oswaldo Santos de Brito de 1976 a 1989.
Conceição Evaristo tem apenas uma filha, chamada Ainá Evaristo de Brito.
A seguir, as principais características da obra de Conceição Evaristo:
Pelas temáticas de suas obras, concluímos que a autora defende a igualdade social e de gênero, além do respeito pelas questões étnicas.
Já no campo teórico, a romancista criou o termo “escrevivência”, com o qual defende que a escrita carrega a vivência de uma coletividade à qual pertence a autora ou o autor dessa escrita.
Assim, segundo Conceição Evaristo:
A Escrevivência pode ser como se o sujeito da escrita estivesse escrevendo a si próprio, sendo ele a realidade ficcional, a própria inventiva de sua escrita, e muitas vezes o é. Mas, ao escrever a si próprio, seu gesto se amplia e, sem sair de si, colhe vidas, histórias do entorno. E por isso é uma escrita que não se esgota em si, mas, aprofunda, amplia, abarca a história de uma coletividade. Não se restringe, pois, a uma escrita de si, a uma pintura de si.
No poema “Favela”, do livro Poemas de recordação e outros movimentos, o eu lírico, em versos livres, expõe a realidade da favela. Assim, personifica os barracos, que parecem vigiar tudo. As balas assumem a forma do sangue que elas fazem jorrar pelo ar. Também são personificados os becos, que, sinuosos e labirínticos, parecem estar bêbados enquanto assistem à vida e à iminente morte:
Barracos
montam sentinela
na noite.
Balas de sangue
derretem corpos
no ar.
Becos bêbados
sinuosos labirínticos
velam o tempo escasso
de viver.
No poema “Recordar é preciso”, do mesmo livro, a memória é valorizada por meio de uma imagem alegórica, já que a lembrança é associada à lágrima e ao mar, em movimento de vaivém, profundidade e mistério:
O mar vagueia onduloso sob os meus pensamentos
A memória bravia lança o leme:
Recordar é preciso.
O movimento vaivém nas águas-lembranças
dos meus marejados olhos transborda-me a vida,
salgando-me o rosto e o gosto.
Sou eternamente náufraga,
mas os fundos oceanos não me amedrontam
e nem me imobilizam.
Uma paixão profunda é a boia que me emerge.
Sei que o mistério subsiste além das águas.
A importância de Conceição Evaristo é literária, cultural e social. A autora é representante de grupos minoritários, tais como mulheres e pessoas negras. Ela permite, por meio de sua escrita, que a voz das minorias e de pessoas marginalizadas possa ser ouvida, e que sua história e memória sejam registradas e não invisibilizadas. Além disso, o lirismo com que trata assuntos tão árduos transforma a fealdade do real em beleza estética ou literária.
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Vamos ler, a seguir, algumas frases de Conceição Evaristo, retiradas de seu livro Poemas de recordação e outros movimentos. Portanto, fizemos uma adaptação e transformamos seus versos em prosa:
Créditos de imagem
[2] Editora Pallas (reprodução)
Fontes
CNPQ. Currículo Lattes: Maria da Conceição Evaristo de Brito. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/9653059262448203.
DUARTE, Eduardo de Assis. O Bildungsroman afro-brasileiro de Conceição Evaristo. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 14, n. 1, abr. 2006.
EVARISTO, Conceição. A escrevivência e seus subtextos. In: DUARTE, Constância Lima; NUNES, Isabella Rosado (orgs.). Escrevivência: a escrita de nós. Rio de Janeiro: Mina Comunicação e Arte, 2020.
EVARISTO, Conceição. Poemas da recordação e outros movimentos. 5. ed. Rio de Janeiro: Malê, 2017.
LITERAFRO. Conceição Evaristo. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188-conceicao-evaristo.
SOUZA, Emilene Corrêa. A questão da memória identitária afro-brasileira na poesia de Ana Cruz e Conceição Evaristo. 2014. Dissertação (Mestrado em Letras) – Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
Fonte: Brasil Escola - /literatura/conceicao-evaristo.htm