Mia Couto (Antônio Emílio Leite Couto) nasceu em 5 de julho de 1955, na cidade da Beira, em Moçambique. É biólogo, professor universitário e atuava como jornalista quando publicou seu primeiro livro de poesias — Raiz de orvalho —, em 1983. No entanto, o sucesso só chegou com a publicação do romance Terra sonâmbula, em 1992. 2t6y1a
As obras do autor, ganhador do Prêmio Camões, em 2013, pertencem ao período pós-independência de Moçambique e apresentam características como realismo mágico ou fantástico, uso de neologismos, marcas de oralidade e valorização da memória cultural de seu povo.
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Mia Couto (Antônio Emílio Leite Couto) nasceu em 5 de julho de 1955, na cidade da Beira, em Moçambique. Filho de pais portugueses, o autor recebeu, na infância, influências culturais europeias e africanas. Na adolescência, escreveu seus primeiros poemas. Portanto, foi poeta antes de ser romancista.
Em 1972, mudou-se para a atual Maputo, capital de Moçambique, e ingressou na faculdade de medicina, que abandonou dois anos depois para exercer a profissão de jornalista. Assim, trabalhou na Agência de Informação de Moçambique, na revista Tempo e no jornal Notícias, até deixar o periodismo em 1985.
O autor, então, fez faculdade de biologia e, depois, se tornou professor universitário nessa área. Desse modo, paralelamente à sua carreira de escritor — que, oficialmente, teve início em 1983, com a publicação do livro Raiz de orvalho —, Mia Couto ou a se dedicar à pesquisa e ao ensino de biologia.
Com a publicação, em 1992, do romance Terra sonâmbula, o romancista começou a experimentar o sucesso como escritor. Por essa obra, recebeu o Prêmio Nacional de Ficção da Associação de Escritores Moçambicanos, em 1995. Hoje Mia Couto é um dos autores africanos mais conhecidos no mundo inteiro.
Em 2013, recebeu um dos mais importantes prêmios literários oferecidos a autores de língua portuguesa, isto é, o Prêmio Camões. Anos antes, em 1998, foi o primeiro escritor moçambicano a ingressar, como sócio-correspondente, na Academia Brasileira de Letras, tornando-se, dessa forma, o sexto ocupante da cadeira número 5.
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Mia Couto é um autor pertencente à literatura moçambicana do período pós-independência, iniciado em 1975 e marcado por uma guerra civil que durou 15 anos. Devido a isso, suas obras apresentam um caráter político, pois buscam mostrar elementos culturais formadores da identidade nacional.
Assim, empreendem um resgate da tradição moçambicana e valorizam seu multiculturalismo. Além disso, os textos do autor são caracterizados pela presença de neologismos, valorização da linguagem coloquial, além de alegorias e forte lirismo. Também apresentam traços do realismo mágico ou fantástico.
Raiz de orvalho (1983)
Raiz de orvalho e outros poemas (1999)
Idades, cidades, divindades (2007)
Tradutor de chuvas (2011)
Vozes anoitecidas (1987)
Cada homem é uma raça (1990)
Estórias abensonhadas (1994)
Contos do nascer da Terra (1997)
Na berma de nenhuma estrada (1999)
O fio das missangas (2003)
Cronicando (1991)
O país do queixa andar (2003)
Pensatempos. Textos de opinião (2005)
E se Obama fosse africano? e outras interinvenções (2009)
Pensageiro frequente (2010)
Terra sonâmbula (1992)
A varanda do Frangipani (1996)
Vinte e zinco (1999)
Mar me quer (2000)
O último voo do flamingo (2000)
Um rio chamado Tempo, uma casa chamada Terra (2002)
O outro pé da sereia (2006)
Venenos de Deus, remédios do diabo (2008)
Jesusalém (2009)
A confissão da leoa (2012)
Vagas e lumes (2014)
Mulheres de cinzas (2015)
A espada e a azagaia (2016)
O bebedor de horizontes (2017)
O gato e o escuro (2001)
A chuva pasmada (2004)
O beijo da palavrinha (2006)
O menino no sapatinho (2013)
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A seguir vamos ler algumas frases de Mia Couto, proferidas durante sua participação no projeto cultural Fronteiras do Pensamento.
“A infância não tem outra nação, se vive ali sempre.”
“Esquecer é quase tão mentira quanto lembrar.”
“Escrever é uma coisa próxima de amar, nunca se tem experiência em amar.”
“Ninguém escreve se tiver medo.”
“Sou um ateu, mas sou um ateu não praticante.”
“O silêncio sobre o qual deitamos o ado é um silêncio que mente.”
“O esquecimento é um trabalho ficcional.”
Crédito das imagens
[1] Companhia das Letras (reprodução)
[2] Companhia das Letras (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura
Fonte: Brasil Escola - /literatura/mia-couto.htm