O Dia Mundial da Obesidade acontece neste sábado, 4 de março. p3x1u
A data foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com o objetivo de alertar sobre a importância da prevenção e informar acerca do tratamento da doença.
A obesidade é uma doença crônica causada pelo acúmulo de forma anormal ou excessiva de gordura no corpo humano, segundo a OMS.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2020, 26,8% dos brasileiros acima de 20 anos são considerados obesos. Quanto aos adolescentes, são 6,7% que convivem com a doença.
A previsão é de que até 2025 cerca de 700 milhões de pessoas no mundo sejam diagnosticadas com obesidade, segundo a OMS.
Veja o comentário da cardiologista e Gerente de Obesidade da empresa farmacêutica Novo Nordisk Brasil sobre os desafios relacionados à obesidade na sociedade atuamente:
O Brasil Escola conversou com especialistas que falam sobre os aspectos gerais da doença quanto à perspectiva da Medicina e da Psicologia.
Saiba mais: o que é a obesidade, os riscos e tratamento
O diagnóstico da obesidade é definido de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), pontua Tarissa Petry, médica endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O cálculo do IMC é feito da seguinte forma: divide-se o peso de uma pessoa em quilogramas (kg) pelo quadrado de sua altura (a altura multiplicada por ela mesma).
A cardiologista Erika de Souza explica que existem três graus de obesidade. Eles são definidos pelos intervalos do IMC.
Confira os graus de obesidade:
Grau 1: IMC entre 30 e 34,9;
Grau 2: IMC entre 35 e 39,9;
Grau 3: IMC igual ou superior a 40.
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Os riscos da obesidade são decorrentes da influência que ela possui no desenvolvimento de outras doenças, explica Erika.
Entre essas doenças, estão:
Doenças cardiovasculares;
Diabetes do tipo 2;
Doenças no fígado devido ao depósito de gordura neste órgão;
Diversos tipos de câncer;
Problemas renais;
Agravamento da covid-19;
Dores nas articulações.
Entenda: a relação entre a obesidade e as doenças cardiovasculares
O tratamento da obesidade deve ser realizado de forma multidisciplinar, ou seja, que envolve profissionais de diferentes áreas, defende a cardiologista Erika de Souza.
"O tratamento inclui também mudança de hábitos alimentares, com escolha de alimentos saudáveis, sem alimentos ultraprocessados. Realização de prática de exercícios físicos, e psicológico e medicamentos quando indicados" - Erika de Souza.
São responsabilidades dos profissionais médicos a indicação da melhor abordagem, o acompanhamento da evolução do paciente e a mudança de estratégia, elenca Erika.
A endocrinologista Tarissa enfatiza que o tratamento é individualizado e que em muitos casos medicamentos são necessários.
Neste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o Wegovy, um medicamento injetável contra a obesidade.
A cardiologista Erika considera essa aprovação uma importante conquista para as pessoas que convivem com a obesidade e sobrepeso.
"A aprovação é o primeiro o para o lançamento do medicamento no Brasil. Ainda não há uma data definida para que ele chegue ao mercado, visto que após a análise de conformidade da Anvisa, deve se aguardar a finalização de outros processos como a definição de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos." - Erika de Souza.
O e psicológico para as pessoas em tratamento contra a obesidade é fundamental, defende a psicóloga Juliana Cristina.
"A obesidade afeta diretamente na autoestima, no humor, na autoconfiança e principalmente nos relacionamentos tanto pessoais quanto sociais. Uma grande dificuldade que a sociedade possui é entender que obesidade é uma doença, e não uma falta de cuidado." - Juliana Cristina, psicóloga.
A profissional conta que a obesidade pode desencadear "transtornos alimentares, depressão, ansiedade dentre vários outros fatores que afetam principalmente o convívio social e a relação com o corpo."
O e psicológico é uma ferramenta que atua no processo de autoconhecimento, o qual pode implicar em uma aceitação e maneiras de lidar de forma direta com as emoções e difuldades enfrentadas por pessoas obesas, conclui Juliana.
A obesidade produz impactos à saúde pública e por isso o combate à doença envolve o poder público.
A endocrinologista Tarissa reforça a importância da promoção de ações de conscientização quanto a alternativas mais saudáveis de estilo de vida desde a infância. Ela também pontua que possibilitar o o ao tratamento é essencial no combate à doença.
Na obesidade infantil, Tarissa pondera que são utilizadas curvas de IMC de acordo com a idade para diagnosticar a criança acima do peso.
O tratamento nestes casos envolve orientações quanto à mudança do estilo de vida e associação de medicação, se necessário, às crianças. Alguns medicamentos são liberados somente após os 12 anos, segundo Tarissa.
A psicóloga Juliana Cristina comenta sobre a obesidade infantil.
"A obesidade infantil também cresceu muito nestes últimos anos principalmente após esse período pós-pandemia, gerando os mesmos transtornos, porém de forma diferente. Muitas das crianças não sabem sobre suas emoções, não entendem a obesidade como doença e começam a lidar com a exclusão, bullying, que se inicia na própria família e na escola. Essas questões podem afetar seu desenvolvimento pessoal, escolar e relacionamentos, uma vez que a maneira que as crianças encontram de lidar com tudo isso é, na maioria das vezes, retraindo suas emoções e sentimentos." - Juliana Cristina, psicóloga.
A gordofobia é definida como o preconceito e discriminação em relação às pessoas gordas.
Nesse sentido, quando se fala em obesidade e os desafios sociais da doença, a gordofobia está instrinsecamente presente na discussão.
Confira na videoaula abaixo os debates relacionados à gordofobia:
Por Lucas Afonso
Jornalista
Fonte: Brasil Escola - /noticias/dia-mundial-da-obesidade-especialistas-falam-sobre-os-principais-aspectos-da-doenca/3128914.html