Os judeus são os membros de um povo que inicialmente habitava a região da Mesopotâmia, de onde migraram para Canaã e, após uma crise climática, para o Egito. No reino dos faraós se formaram as Doze Tribos de Israel. Moisés liderou os israelitas até as proximidades da terra prometida, e Josué liderou sua conquista. Após séculos de autonomia, Roma conquistou a Judeia, gerando revoltas judaicas e grande repressão romana. Por meio da diáspora judaica, judeus aram a criar comunidades em diversos países. 152s2l
Durante séculos, os judeus foram um povo sem um Estado, sofrendo pogroms em diversos países. No final do século XIX, graças ao sionismo, muitos judeus retornaram para a Palestina. Com a ascensão de Hitler, em 1933, as violências aumentaram, culminando no Holocausto, o pior pogrom da história. Após a Segunda Guerra Mundial, foi fundado o Estado de Israel, o Estado judeu, aprofundando os atritos entre judeus, palestinos e países árabes da região.
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Os judeus são um grupo étnico e religioso que se formou no Oriente Médio há mais de três mil anos. Eles são chamados de judeus por causa do Reino de Judá, reino que, segundo a tradição judaica, se formou após a divisão do Reino Unido de Israel, por volta do século X a.C.
Pela crença judaica, todos aqueles que nascem de mães judias são judeus. Também são considerados judeus aqueles que se converteram ao judaísmo em algum momento da vida. Existem, ainda, judeus que não seguem a religião judaica, que são ateus, mas que são considerados judeus por questões étnicas, históricas e culturais, o fenômeno é chamado de ateísmo judeu.
Atualmente existem no mundo cerca de 15,7 milhões de judeus, segundo dados da Universidade Hebraica de Jerusalém. Israel abriga o maior número deles, 7,2 milhões, seguido pelos Estados Unidos, com 6,3 milhões. Os judeus acreditam que um descendente direto do rei Davi, chamado Messias, futuramente governará Israel, unirá todos os judeus do mundo, reconstruirá o terceiro templo de Jerusalém e os hebreus arão a viver um período de paz e prosperidade.
A Torá, a principal fonte de informação sobre a origem dos judeus, afirma que eles se formaram na baixa Mesopotâmia e que, no século XIX a.C., eram liderados pelo patriarca Abraão. Este, sob a ordem de Deus, migrou com os hebreus para Canaã, região onde atualmente estão o Estado de Israel e a Palestina. Para os historiadores a migração dos judeus foi causada pela chegada do povo arameu à Mesopotâmia.
Os hebreus se dedicaram principalmente ao pastoreio em Canaã, mas uma seca provocou grande fome e fez com que eles migrassem para o Egito. Na época os egípcios lutavam contra os hicsos, que haviam conquistado parte do Baixo Egito, região na qual os hebreus aram a habitar.
No Egito os judeus se organizaram em 12 tribos, na tradição judaica, todas elas se originaram de povoados fundados pelos filhos de Jacó, que mais tarde foi rebatizado por Deus como Israel, daí o nome Doze Tribos de Israel. A ocupação hicsa durou quase dois séculos, e os hicsos foram expulsos do Egito entre 1570 a.C. e 1544 a.C.|1|
Os judeus foram acusados de ter apoiado os hicsos durante a invasão ao Egito, aram a sofrer violências e foram escravizados. Moisés, judeu criado como um príncipe do Egito, liderou os judeus até as proximidades de Canaã, após 40 anos peregrinando pelo deserto. Josué, sucessor de Moisés, liderou a conquista de Canaã e os hebreus se fixaram na região.
A agricultura, o pastoreio e o comércio aram a ser as principais atividades praticadas pelos hebreus, houve um período de prosperidade e crescimento da população. Em Canaã, cada uma das 12 tribos ocupou um território diferente.
Graças à diáspora judaica, os judeus migraram para diferentes países, formando diferentes comunidades, que se mantiveram geograficamente afastadas de outras comunidades judaicas. Com o tempo ocorreu a miscigenação dos judeus com populações locais, dando origem a diversas etnias judaicas, com diferentes tradições.
A seguir, veremos as principais delas:
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Como o judaísmo é uma religião plural, sem uma liderança central, não existe apenas uma lista de princípios judaicos relacionados à fé. De forma geral, todas as formas de judaísmo consideram a crença em YHWH como único deus, essa é crença principal do judaísmo.
Os judeus acreditam que o Messias, descendente do rei Davi, surgirá um dia em Israel para governar o povo judeu, reconstruindo o Templo de Jerusalém e iniciando um período de grande paz e prosperidade para todos os hebreus.
Outros princípios são:
A língua dos judeus é o hebraico, língua originária do Oriente Médio há mais de 3300 anos e falada por outros povos da região, como cananeus e fenícios. Ela é considerada uma língua semítica da família das línguas afro-asiáticas. Após a diáspora, o hebraico continuou a ser praticado em poucas comunidades judaicas, sendo considerada uma língua morta, utilizada geralmente em cerimônias judaicas.
No século XIX a língua judaica ou a ser ensinada para comunidades que retornavam para Israel. Após a fundação do Estado de Israel, o hebraico ou a ser a língua oficial do país, ensinada em todas as escolas.
A culinária hebraica é fortemente marcada pelo judaísmo, e os alimentos que são produzidos de acordo com as regras judaicas são conhecidos como kosher ou kasher. Entre as principais regras, estão:
Entre os principais pratos da culinária judaica, estão o lekash, bolo de mel; a matza, pão ázimo, sem fermento; e o kreplach, semelhante a um pequeno pastel, cozido e recheado, geralmente com carne.
A música esteve presente na cultura judaica desde os tempos mais antigos, na Torá existem diversas menções à música. Flautas, harpas, tambores e trombetas eram os principais instrumentos musicais utilizados pelos judeus. O shofar, uma espécie de trombeta feita de chifre, é utilizado em alguns rituais ainda hoje. Entre as músicas populares judaicas mais conhecidas no mundo, está a canção Hava Nagila, ou “Alegremo-nos”, uma canção de celebração e felicidade.
A quipá é a vestimenta mais conhecida dos judeus, sendo uma espécie de pequena boina utilizada como símbolo da religião e do temor a Deus. Alguns judeus utilizam a quipá somente nas cerimônias, e outros a utilizam no dia a dia.
A primeira diferença entre judeus e cristãos se relaciona ao Mashiach, Messias. Este seria uma espécie de Salvador que levaria seu povo e o mundo a um período de prosperidade. Para os cristãos, o Messias foi Jesus Cristo, o filho de Deus enviado à Terra, morto na cruz e que ressuscitou após três dias. Para os judeus, o Messias, descendente direto do rei Davi, chegará à Israel em um futuro indefinido. Para os judeus, Jesus foi um profeta, como diversos outros, não o Messias.
Outra diferença entre judeus e cristãos é em relação à Bíblia. Os judeus não reconhecem o Novo Testamento, cuja história é centrada em Jesus. Os judeus reconhecem apenas os cinco primeiros livros da Bíblia, do Velho Testamento, nos quais Deus criou o mundo, o ser humano, nos quais a história dos judeus foi contada e Deus fez a aliança com esse povo.
Boa parte do Velho Testamento da Bíblia, chamado pelos judeus de Torá ou Leis de Moisés, descreve a história e tradições do povo hebreu, desde o patriarca Abraão, sua migração com o povo hebreu para Canaã, os anos do exílio do Egito, o êxodo, a aliança de Deus com os judeus e a vida destes em Canaã.
O sionismo é um movimento político que originalmente defendia a criação de um Estado judeu e a migração de todos os judeus para esse Estado. Esse movimento surgiu na segunda metade do século XIX, entre judeus da Europa Central e Oriental. Nessas regiões os judeus sofriam perseguições e pogroms.
Sião é um antigo monte em Jerusalém no qual Davi teria construído o primeiro templo dos judeus. O relevo de Jerusalém foi modificado diversas vezes na história. Na atualidade, o Monte Sião se encontra próximo da Muralha de Jerusalém. Com o tempo, a região de Jerusalém inteira ou a ser genericamente chamada de Sião. Foi por isso que o movimento ganhou o nome de sionismo, uma vez que ele defendia o retorno dos judeus para Sião.
Em 1895, Theodor Herzl, um jornalista judeu da Áustria-Hungria, publicou o livro que é considerado a base teórica do sionismo, O Estado judeu: uma solução moderna para a questão judaica. Herzl argumentou que a violência que os judeus sofriam era uma questão nacional, não uma questão religiosa. Somente a construção de um Estado judeu acabaria com a violência sofrida.
O sionismo faz parte de um movimento mais amplo que atingiu o mundo ocidental no século XIX, o nacionalismo e os movimentos que buscavam criar Estados-nação. No período ganhou força o pan-eslavismo, o pangermanismo e o sionismo, que pode ser considerado um “pan-judaísmo”.
Em agosto de 1897, ocorreu o Primeiro Congresso Sionista, em Basileia, na Suíça. Durante o congresso, do qual participaram cerca de 200 pessoas, foi discutido o local da criação do Estado judeu. Argentina, Rússia, Chipre e diversos outros locais foram propostos, mas a maioria dos presentes defendia que o Estado deveria ser construído na Palestina, que seria para eles a terra prometida por Deus.
Após o sionismo se institucionalizar, a migração de judeus para Palestina cresceu consideravelmente. A maioria dos judeus que chegavam à Palestina viviam em kibutz, comunidades agrícolas. Muitas das terras compradas na região foram financiadas por associações judaicas ou por ricos judeus da Europa e dos Estados Unidos, como o barão de Edmond Rothschild.
Foi a partir de 1933 que a imigração judaica para a Palestina ganhou força. Nesse ano Adolf Hitler foi nomeado chanceler na Alemanha e a violência contra os judeus se agravou em quase toda a Europa. Durante o mandato britânico na Palestina, grupos árabes e judeus aram a criticar o domínio inglês.
Em 1936 se iniciou uma revolta árabe contra o domínio britânico e contra a crescente imigração de judeus para a Palestina. Nessa época a população judaica era de cerca de 200 mil pessoas, cerca de 10% da população total da Palestina. Em 1937, a revolta que até então era pacífica se tornou um conflito armado, que só se encerrou em 1939, após negociações entre britânicos e árabes.
Uma das consequências desse conflito foi o Livro Branco, documento assinado pelo primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain. No documento o Reino Unido se comprometia a diminuir o fluxo de imigrantes judeus para a Palestina e a não permitir que o número de judeus na Palestina asse de um terço da população árabe. O Livro Branco, ainda, dificultava a compra de terras árabes pelos judeus.
Em 29 novembro de 1947, a ONU aprovou a Resolução 181, relacionada à partilha da região da Palestina entre árabes (palestinos) e judeus. A sessão que aprovou a resolução foi presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. A proposta deixou cerca de 53% do território para os judeus e 47% para os palestinos. A cidade de Jerusalém seria istrada internacionalmente. O Estado de Israel foi fundado em 1948, aprofundando os atritos entre judeus, palestinos e países árabes da região.
Diversos conflitos ocorreram entre Israel e seus vizinhos, entre eles a Guerra dos Seis Dias e a do Yom Kippur. Desde sua independência, Israel ou a conquistar regiões palestinas, em Golã, Cisjordânia e Gaza. Recentemente, em 7 de outubro de 2023, membros do Hamas, partido político da Palestina, praticaram um ataque terrorista contra Israel, iniciando um novo conflito na região, marcado por violentos ataques de Israel contra a Faixa de Gaza e Cisjordânia.
Os judeus são um povo que ser originou há milhares de anos na região próxima da cidade de Ur, na Baixa Mesopotâmia. A palavra “judeu” é de origem hebraica e está relacionada com a palavra “Judá”, nome de uma das tribos originárias dos hebreus. Após a diáspora judaica, os judeus aram a viver em diversos países no mundo.
Os judeus acreditam que Abraão viveu perto do século XX a.C., na região de Ur, na Mesopotâmia. Abraão ouviu de Deus que ele deveria partir da Mesopotâmia com seu povo em busca da Terra Prometida, onde os judeus viveriam em um ambiente de grande fartura. Abraão partiu de Ur em direção à Canaã, terra dos cananeus. Ali Deus afirmou a Abraão que ele daria ao povo hebreu todas as terras da região. Ele acampou em um local da Palestina com seu povo, ando todos a viverem do pastoreio e da agricultura.
Após uma grande seca, os hebreus migraram para o Egito, que, nessa época, era dominado pelos hicsos, povo semita, assim como os judeus. Os judeus aram a ser aliados dos hicsos, e, após os egípcios se libertarem do domínio hicso, a maior parte dos judeus foi escravizada pelos egípcios. Moisés, criado como membro da família do faraó, guiou o povo judeu através do deserto do Egito, do Mar Vermelho e da Península de Sinai rumo a Canaã. No Monte Sinai, Moisés recebeu de Deus os mandamentos que os hebreus deveriam cumprir.
Na Palestina, o rei judeu Saul enfrentou diversos conflitos, o principal deles contra os filisteus, que tentavam ocupar a região habitada pelos judeus. Em uma das lutas mais famosas da história, Davi acertou o gigante filisteu Golias com uma pedra, derrotando-o. Davi reinou em Israel e tornou sua capital Jerusalém. Seu sucessor, Salomão, construiu um grande templo em Jerusalém, no local onde é hoje o Monte do Templo e onde estão o Domo da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa.
No século I a.C., o reino dos judeus foi conquistado pelo Império Romano, ando a se chamar Judeia. No início, o controle romano na Judeia era fraco, com grande autonomia nos assuntos internos para o rei judeu. Mas, no século I d.C. essa situação começou a mudar, os romanos aram a controlar diretamente a região e aumentaram os impostos sobre os judeus.
Em 66 d.C., uma revolta judaica se iniciou, levando a uma guerra contra os romanos. Os judeus foram derrotados, e seus sobreviventes migraram para diversos lugares fora da Judeia, no processo conhecido como diáspora judaica. No século II, os romanos aram a nomear a região como Palestina.
Durante quase dois milênios, os judeus foram um povo sem pátria, sem um território para viver. No início do século XX, existiam comunidades judaicas em diversos países. Essas comunidades mantiveram o judaísmo vivo, apesar de muitas vezes sofrerem violências e pogroms.
Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de seis milhões de judeus foram assassinados, no genocídio que recebeu o nome de Holocausto. Após o fim da guerra, foi criada a ONU, que, em 1948, aprovou a criação do Estado de Israel, na Palestina. A fundação do Estado de Israel iniciou um período de conflito entre judeus e muçulmanos que perdura até os dias atuais.
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Cronologia elaborada de acordo com a tradição judaica. Existem diversas cronologias realizadas ao longo da história, com datas divergentes, por isso as datas presentes nesta cronologia são aproximadas:
Créditos das imagens
[1] Wikimedia Commons (reprodução)
[2] ChameleonsEye / Shutterstock
Nota
|1| RAMSEY, C. B. et. al. Cronologia baseada em radiocarbono para o Egito dinástico. Science, 18.06.2010. Vol. 328, Edição 5985. Disponível em: https://www.science.org/doi/10.1126/science.1189395
Fontes
GILBERT, Martin. História de Israel. Edições 70, São Paulo, 2015.
TELES, Gustavo. A paz eterna entre judeus e árabes na Terra: Segunda Guerra Mundial (Volume 1). Autografia Editora, Rio de Janeiro, 2021.
ZUCCHI, Luciano Kneip. Sangue entre irmãos: a gênese dos conflitos entre judeus e árabes. Amazon Digital Books. 2021.
Fonte: Brasil Escola - /historiag/judeus.htm