Coesão textual 123ia

Coesão textual se refere à relação entre os elementos constitutivos de um texto. Ela pode ser referencial ou sequencial, e está restrita à estrutura linguística. 734458

Coesão textual se refere à articulação entre os componentes de um texto. Ela pode ser referencial (retomada de algum item do texto) ou sequencial (relação semântica entre enunciados). 3q5x2y

Os mecanismos coesivos estão s à estrutura do texto. Já a coerência textual considera não só tais mecanismos, mas também o contexto.

Leia também: Textualidade – características capazes de garantir que algo seja percebido como um texto

Resumo sobre coesão textual 2c3rd

  • A coesão textual é um fenômeno linguístico caracterizado pela articulação entre elementos de um texto.

  • Na coesão referencial, um elemento do texto retoma outro.

  • Na coesão sequencial, há uma relação semântica entre partes de enunciados durante o sequenciamento de ideias.

  • A coerência textual está relacionada ao(s) sentido(s) do texto e depende não só de elementos linguísticos mas também de extralinguísticos.

Videoaula sobre coesão textual 2z573u

O que é coesão textual? 1m2o22

Chamamos de “coesão” a relação entre elementos de um texto de forma a auxiliar na sua compreensão. Desse modo, a coesão textual é um dos elementos responsáveis pela coerência textual. Contudo, ela está limitada à estrutura do texto, pois não considera os elementos extralinguísticos.

Como exemplo, vamos analisar o seguinte trecho do conto A nova Califórnia, de Lima Barreto (1881-1922):

“Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia ao nome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondência que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um maço alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes...”

Observe que os elementos destacados promovem a coesão do texto:

  • Em “acudia”, está implícita a expressão “aquele homem”, mencionada anteriormente.

  • “Pois” indica uma explicação para o fato de o agente do Correio informar que o homem se chamava Raimundo Flamel.

  • O pronome “que” se refere à correspondência.

  • Em “recebia”, está implícito o pronome “ele”, referente a Raimundo Flamel, já mencionado.

  • Em “era”, está implícita a palavra “correspondência”, já mencionada.

  • O advérbio “lá” se refere a “um dos extremos da cidade”, bem como o pronome relativo “onde”.

Leia também: Como tornar um texto coeso?

Tipos de coesão textual 6vn1f

  • Coesão referencial 2u2w4m

É quando um elemento do texto alude a outro. Essa relação pode ocorrer, por exemplo, por meio de:

  • Artigo 4i125h

Uma chaga da cultura brasileira é a corrupção.

Nesse caso, o artigo indefinido “uma” se refere a uma informação subsequente, isto é, a corrupção. Já os artigos definidos, normalmente, fazem referência a um elemento anterior:

Ao perceber a aproximação de um homem, fiquei com medo. Mas o homem ou por mim sem sequer me olhar.

  • Pronome kn1n

Dilermando tirou férias. Ele não ava mais a sua rotina.

Nesse exemplo, o pronome “ele” faz referência a “Dilermando”. Outros pronomes também podem fazer retomadas em um texto, sejam eles:

- demonstrativos

- possessivos

- indefinidos

- interrogativos

- relativos

  • Numeral 1o1u11

As caixas de morango estão sobre a mesa. Duas são para o seu avô.

Nesse enunciado, o numeral “duas” se refere às caixas de morango.

  • Elipse 5i1r4t

Minha amiga viajou no fim de semana. Não queria se encontrar comigo.

Nesse caso, o pronome “ela”, que faz referência à “minha amiga”, está implícito: “[Ela] não queria se encontrar comigo”.

  • Advérbio 54d1q

Ficou encolhido no cantinho do quarto. Ali se sentia um pouco mais seguro.

Nesse exemplo, o advérbio “ali” se refere ao “cantinho do quarto”.

  • Coesão sequencial ie18

Bloquinhos de papel de diferentes cores dispostos em sequência e com setinhas apontando a direção.
A articulação entre os enunciados produz o(s) sentido(s).

Tem a ver com a relação semântica entre (partes de) enunciados durante um sequenciamento de ideias no texto, e pode ocorrer, por exemplo, por meio de:

  • repetição lexical:

As horas avam, avam, avam.

  • repetição da estrutura sintática:

O menino pede água. A menina pede comida. E o avô pede descanso.

  • paráfrase:

Não se pode permitir o uso ilícito dessa tecnologia, ou seja, é preciso criar leis que limitem o uso dela.

  • conexão:
  • Se comprarmos uma casa, podemos nos livrar do aluguel.
  • Júlio chorou porque o filme era triste.
  • Ela não quer sair, então, precisamos chamar a polícia.
  • Quando a chuva começou, eu estava no meio do caminho.
  • Vou à farmácia enquanto você faz o almoço.
  • Conforme o médico, nosso filho tem uma doença rara.
  • Irina está com febre alta, além disso, está se queixando de dor de cabeça.
  • Eles foram educados comigo, mas deixaram transparecer a raiva.
  • Não tenho tempo, portanto, não posso ajudar você agora.

Diferenças entre coesão e coerência 1g5p5z

A coesão se refere aos mecanismos gramaticais ou lexicais que permitem a ligação entre elementos da estrutura linguística de um texto. Já a coerência tem relação com o(s) sentido(s) desse texto. Portanto, os mecanismos de coesão podem auxiliar na formação do(s) sentido(s).

No entanto, a coesão está restrita à estrutura linguística, enquanto a coerência depende, também, dos elementos extralinguísticos. Desse modo, aspectos cognitivos e socioculturais, por exemplo, podem interferir na construção de sentido(s) durante a recepção de um texto, que pode ser verbal, não verbal, escrito ou oral. Para saber mais sobre esse outro elemento importante para os textos, leia: Coerência textual.

Exercícios resolvidos sobre coesão textual 3f5b1i

Questão 1 - (Enem)

Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.

RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:

A) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”

B) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...].”

C) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”

D) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...].”

E) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”

Resolução

Alternativa E. A coesão por elipse ocorre no trecho “Supõe-se que [ele/o segundo] fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado”. Assim, está implícita a expressão “o segundo” (que também pode ser substituída por “ele”), mencionada na oração anterior e retomada, implicitamente, no fragmento em questão.

Questão 2 - (Enem)

O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade?

Não. O riso básico — o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e da vocalização — nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas — que nós não somos capazes de perceber — e que eles emitem quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos animais é que não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.

Disponível em: http://globonews.globo.com (Adaptado)

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele estabelece com a oração seguinte uma relação de

A) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de vocalização dos ratos.

B) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à vocalização dos ratos.

C) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização dos ratos.

D) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano causado no cérebro.

E) proporção, já que à medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização dos ratos.

Resolução

Alternativa C. O trecho destacado aponta uma condição, pois “o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria” SE “o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro” do animal.

 

Por Warley Souza
Professor de Português


Fonte: Brasil Escola - /redacao/coesao.htm