Conflito de Darfur

O conflito de Darfur envolve grupos milicianos do oeste do Sudão, o governo sudanês e organizações armadas supostamente financiadas pelo poder público local.

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O Sudão é, sem dúvidas, um dos países mais instáveis politicamente em todo o mundo. Conflitos históricos e disputas internas acontecem em seu território desde a sua independência frente ao Reino Unido, concretizada na década de 1950. Desde então, já ocorreram duas guerras civis e até a independência do Sudão do Sul, que era uma região de maioria cristã, em contraste com a maioria islâmica do norte.

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Os conflitos de Darfur emergem como um elemento mais dramático nesse contexto. Eles arrastam-se desde 2003 e ainda ocorrem nos dias atuais, com um saldo de milhares de mortos e milhões de refugiados, embora os números alarmantes não gerem tanta atenção e debate no âmbito político internacional. Segundo a Organização das Nações Unidas, mais de 300.000 pessoas já foram mortas e mais de 2,7 milhões tiveram de abandonar suas áreas de origem, migrando principalmente para o Chade, país vizinho a oeste.

As causas dos conflitos de Darfur estão nos desníveis regionais em termos de desenvolvimento social e atuação do governo do Sudão. Sob a alegação de que o poder público sudanês abandonou completamente as regiões do oeste, grupos armados de maioria não árabe ergueram-se e começaram a atacar alvos do governo, que responde, desde então, pesadamente com ataques diretos e também com o auxílio de milícias e organizações armadas, embora os órgãos oficiais do país neguem essa prática.

Os dois principais grupos que atuam em Darfur são o Movimento de Justiça e Igualdade (MJI) e o Exército de Libertação Sudanesa (ELS). Do outro lado, o governo, além de atacar com bombardeios aéreos, também atua por meio de incentivos aos Janjaweed, uma milícia pertencente a um grupo étnico árabe e muçulmano localizado ao norte de Darfur, os Baggara.

Embora um acordo de paz tenha sido assinado no ano de 2006 (não aderido por todos os grupos rebeldes), a escalada de violência foi retomada mais intensamente no ano de 2013, elevando novamente o número de mortos e refugiados. Nesse meio-tempo, ocorreu, em 2011, a Independência do Sudão do Sul por meio de um referendo, embora isso não tenha gerado qualquer tipo de trégua entre o Sudão e o governo do novo território formado.

Atualmente, o mapa da região encontra-se assim estabelecido: a oeste, a região de Darfur, que luta contra o governo com sede em Cartum, a capital do Sudão. Ao sul, o Sudão do Sul, que, embora esteja em uma trégua temporária, mantém uma relação instável com o norte, sobretudo pela disputa de fronteiras e pelo escoamento da produção de petróleo por gasodutos que am pelo território sudanês.

Mapa do Sudão, Sudão do Sul e da região de Darfur
Mapa do Sudão, Sudão do Sul e da região de Darfur

Pode-se dizer que a independência ocorrida no sul pode ter deixado o governo em Cartum ainda mais fragilizado politicamente, o que tem elevado a motivação política dos grupos em Darfur por um separatismo cada vez mais reivindicado. Vale lembrar que essa posição não é uma unanimidade na região, uma vez que os grupos étnicos muçulmanos não árabes da região sofrem certa resistência interna das etnias árabes.

Várias organizações humanitárias e também a ONU atuam na região no sentido de tentar conter o conflito ou minimizar os seus danos aos Direitos Humanos. No entanto, a relação dessas organizações com o governo não é muito amistosa, sobretudo pelas acusações frequentes de que o governo vem praticando graves e sequenciais crimes de guerra. Além disso, a ONU é frequentemente limitada pela atuação da China no Conselho de Segurança, haja vista que o governo chinês possui vários acordos com o Sudão para a importação de petróleo e minérios em geral. Esse contexto diminui ainda mais a esperança de paz para a região.

Protesto em Londres contra o genocídio em Darfur, que possui pouco apelo internacional *
Protesto em Londres contra o genocídio em Darfur, que possui pouco apelo internacional *

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* Crédito da imagem: David Burrows / Shutterstock.com



Por Me. Rodolfo Alves Pena

Bandeira da região de Darfur, que reivindica independência ao Sudão
Bandeira da região de Darfur, que reivindica independência ao Sudão
Escritor do artigo
Escrito por: Rodolfo F. Alves Pena Escritor oficial Brasil Escola
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PENA, Rodolfo F. Alves. "Conflito de Darfur"; Brasil Escola. Disponível em: /geografia/conflito-darfur.htm. o em 25 de maio de 2025.
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