Aposto e vocativo são dois termos relacionados a uma oração. O aposto apresenta dependência em relação a um termo da oração. Já o vocativo é um termo independente em relação à oração. O aposto pode ser explicativo, enumerativo, resumidor, comparativo, circunstancial, de especificação, da oração ou distributivo, ao o que o vocativo tem como única função expressar um chamamento ou invocação.
Leia também: Como identificar o sujeito da oração
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre aposto e vocativo
- 2 - Videoaula sobre a diferença entre aposto e vocativo
- 3 - O que é aposto e vocativo?
- 4 - Diferenças entre aposto e vocativo
- 5 - Como identificar se é aposto ou vocativo?
- 6 - Exercícios sobre aposto e vocativo
Resumo sobre aposto e vocativo
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O aposto é um termo ório da oração e apresenta relação de dependência com outro termo da estrutura sintática.
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O aposto pode ser explicativo, enumerativo, resumidor, comparativo, circunstancial, de especificação, da oração ou distributivo.
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O vocativo é um termo independente, pois não exerce função sintática na oração.
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O vocativo consiste em um chamamento, uma invocação, um apelo, que aparece entre vírgulas ou seguido de vírgula.
Videoaula sobre a diferença entre aposto e vocativo
O que é aposto e vocativo?
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Aposto
O aposto é um termo ório da oração. Sua função é especificar, explicar, resumir, comentar ou apontar algo relacionado ao substantivo, ao pronome ou à oração.
O aposto, segundo sua função, pode ser:
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explicativo: João, professor de Matemática, estava animado.
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enumerativo: Estudou isto: português, espanhol, inglês.
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resumidor: Irmãos, primos e amigos, todos estavam contra mim.
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comparativo: O menino, um cão perdido, não sabia onde estava.
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circunstancial: Em criança, ela tinha sonhos impossíveis.
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de especificação: Meu cunhado Fausto estava aqui.
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da oração: Não expressava opiniões, sinal de seu bom senso.
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distributivo: Pegue dois cadernos: um para mim e outro para você.
Observe que:
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“professor de Matemática” explica quem é João;
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“português, espanhol, inglês” enumera o que é “isto”;
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“todos” resume ou contém em si os elementos “irmãos, primos e amigos”;
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o menino é comparado a “um cão perdido”;
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“em criança” indica uma circunstância de tempo;
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“Fausto” especifica qual é o cunhado;
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“sinal de seu bom senso” é um comentário relativo à oração “não expressava opiniões”;
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“um para mim e outro para você” faz referência à distribuição dos cadernos.
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Vocativo
O vocativo é um termo independente, pois não exerce função sintática na oração, e consiste em um chamamento, apelo ou invocação:
Ó amor! Vem logo para mim.
Nunca pensei, amigo, que faria isso comigo.
Débora, precisamos conversar.
Diferenças entre aposto e vocativo
APOSTO |
VOCATIVO |
Mantém relação de dependência com substantivo, pronome ou oração. |
Mantém independência em relação à oração, pois não possui função sintática. |
Exerce várias funções, ou seja, explicar, esclarecer, especificar, identificar, comentar ou indicar. |
Exerce a função de chamar, isto é, invocar ou apelar. |
Existem diversos tipos de aposto, segundo suas funções, isto é, explicativo, enumerativo, recapitulativo, comparativo, circunstancial, de especificação, da oração, distributivo. |
Não existem classificações para o vocativo, pois ele exerce uma única função. |
EXEMPLO |
EXEMPLO |
Carlos, irmão da minha vizinha, chegou ontem da Europa. |
Carlos, como foi morar na Europa? |
Como identificar se é aposto ou vocativo?
É fácil identificar o vocativo, já que ele é o nome expresso pelo enunciador para se comunicar com (ou chamar, invocar) seu interlocutor, como, por exemplo:
Xica, vem cá!
Professora! Vem cá.
Você, professora, não corrigiu o exercício.
Além disso, o vocativo vem sempre seguido por vírgula, às vezes por uma exclamação enfática, ou então entre vírgulas, como se vê nos exemplos acima. Observe também que ele é independente do restante da oração, ou seja, ele não mantém uma relação sintática com os outros termos da oração:
Vem cá!
Vem cá.
Você não corrigiu o exercício.
Já o aposto é dependente de algum termo da oração, portanto mantém uma relação sintática com ele:
Xica Manicongo, mulher trans do século XVI, foi homenageada pela escola de samba Paraíso do Tuiuti em 2025.
Observe que o aposto “mulher trans do século XVI” explica quem é Xica Manicongo. Portanto, está relacionado ao termo anterior. Além disso, não é um chamamento ou invocação.
Leia também: Diferença entre sujeito e predicado
Exercícios sobre aposto e vocativo
Questão 1 (Unimontes)
A incapacidade de ser verdadeiro
Carlos Drummond de Andrade
Paulo tinha fama de ser mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões-da-independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez, Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra aram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
— Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.
A vírgula foi utilizada para isolar o vocativo, no exemplo
A) “A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte...”
B) “Após o exame, o Dr. Epaminondas...”
C) “Desta vez, Paulo não só ficou sem sobremesa...”
D) “Não há nada a fazer, Dona Coló.”
Resolução:
Alternativa D.
A expressão “Dona Coló” é um vocativo, pois Dona Coló é a interlocutora do Dr. Epaminondas.
Questão 2 (Unimontes)
O milagre do sorinho e outros milagres
A doutora Zilda Arns fez tudo ao contrário de como costumam ser feitos os programas de políticas públicas no Brasil. Não chamou o marqueteiro, como providência inaugural dos trabalhos. Não engendrou uma generosa burocracia, capaz de proporcionar bons e agradáveis empregos. [...].
O índice de mortalidade infantil no Brasil andava pelos 82,8 mortos por 1.000 nascidos vivos, em 1982, quando Zilda foi convocada pelo irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, a pôr sua experiência de médica pediatra e sanitarista a serviço de um programa de combate ao problema. Hoje está em 23,3 por 1.000. [...].
[...]
O escritor Saul Bellow conta que, certa vez, eava de bote num rio infestado de jacarés quando começou a ficar apavorado. Não era tanto a morte que o apavorava. Era o necrológio: “Morreu ontem, devorado por jacarés...”. Zilda Arns está condenada ao necrológio: “Morreu de terremoto, no Haiti”. Não é esdrúxulo como ser devorado por um jacaré. Também não é raro como cair no poço do elevador, como a atriz Anecy Rocha, irmã de Glauber, ou ser tragado pela boca do Vesúvio, como o republicano histórico Silva Jardim. Mas é raro para um brasileiro, em cujo território não ocorrem terremotos de proporções mortais, e chocante como são as mortes inesperadas, provocadas por acidentes. Zilda Arns, como Anecy Rocha e Silva Jardim, morreu em circunstâncias do tipo que nunca se esquece. Mas, também, em circunstâncias que lhe coroam a vida. Estava no Haiti para, em contato com religiosos locais, propagar a metodologia da Pastoral da Criança. Morreu em combate.
Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 20-1-2010.
Verifica-se uma sequência de apostos na alternativa
A) “...Zilda foi convocada pelo irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo...”
B) “A doutora Zilda Arns fez tudo ao contrário de como costumam ser feitos os programas de políticas públicas no Brasil.”
C) “O escritor Saul Bellow conta que, certa vez, eava de bote num rio infestado de jacarés quando começou a ficar apavorado.”
D) “Zilda Arns, como Anecy Rocha e Silva Jardim, morreu em circunstâncias do tipo que nunca se esquece.”
Resolução:
Alternativa A.
Em “...Zilda foi convocada pelo irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo...”, temos a seguinte sequência de apostos explicativos: “o cardeal Paulo Evaristo Arns” e “então arcebispo de São Paulo”.
Fontes:
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 39. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.
SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. 26. ed. São Paulo: Atual Editora, 2001.
SANTOS, Márcia Angélica dos. Aprenda análise sintática. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
