Sabemos que as provas do Enem são organizadas de acordo com grupos de áreas do conhecimento, definidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, mais conhecidos pela sigla PCNs. Um desses grupos é o de “Ciências Humanas e suas Tecnologias”, no qual se encontram História, Sociologia, Filosofia e Geografia. Uma das categorias mais exploradas nesse grupo é a da cidadania, que geralmente vem acompanhada de problemas como o exercício da liberdade de expressão e de ir e vir, as condições de trabalho livre e trabalho escravo, o direito ao voto etc.
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Abaixo selecionamos duas questões do Enem de 2015 que tratam desse tema da cidadania logo no início da prova (Caderno 1, cor Azul). As duas estão relacionadas com o período do fim do Segundo Império (arco temporal que também aparece muito no Enem).
Vejamos como são preparadas as questões e o modo como se deve interpretá-las:

Questões 01 a 03, ENEM - 2015, Caderno 1, azul
A primeira coisa que logo percebemos é que ambas as questões têm como texto de abertura trechos do mesmo livro, Cidadania no Brasil: o longo caminho, do historiador José Murilo de Carvalho. Nessa obra, esse historiador procurar traçar um panorama histórico do exercício da cidadania no Brasil desde a Independência (1822) até a época da chamada Nova República (de 1989 para cá). Portanto, houve a escolha, para as duas questões, de uma obra que trata de um eixo temático geral, a cidadania.
A primeira questão (questão 1) trata de uma reforma eleitoral de 1881 (portanto, Segundo Império) que produziu impacto sobre o número de votantes no país à época. Esse número foi substancialmente reduzido após ser adotado requisito de ser alfabetizado para exercer o voto. O problema posto é o da representação política – um dos elementos básicos da cidadania. A questão pedia para o candidato assinalar a alternativa que indicava o que essa reforma eleitoral representou para o Brasil no momento. A resposta correta é a letra B: a restrição dos direitos políticos.
Já a segunda questão trata da situação dos escravos após a Abolição da Escravatura, em 1888. Não houve à época nenhum programa de assimilação da massa de negros libertos e sua inclusão no mundo do trabalho livre e do exercício pleno da cidadania. José Murilo de Carvalho ressalta que a população negra brasileira ainda hoje a por humilhações que, em dada medida, remontam ao ado escravista. A questão exige do candidato que ele assinale a alternativa que aponte para a contestação da tese ou “mito” da “democracia racial” a partir do texto do historiador. A resposta correta é a letra D.
Por Me. Cláudio Fernandes