Segundo Reinado

O Segundo Reinado iniciou-se em 1840 por meio do Golpe da Maioridade e ficou marcado por inúmeras transformações. Encerrou-se em 1889 com a Proclamação da República.

Imprimir
A+
A-
Escutar texto
Compartilhar
Facebook
X
WhatsApp
Play
Ouça o texto abaixo!
1x

O Segundo Reinado é o período da história brasileira em que o país foi governado por D. Pedro II. Esse período estendeu-se de 1840, quando D. Pedro II foi coroado imperador após o Golpe da Maioridade, e encerrou-se em 1889, quando a Proclamação da República colocou fim na monarquia do Brasil. Foi um período de grandes transformações no país e marcado por importantes conflitos, como a Guerra do Paraguai.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

e também: História das eleições no Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Segundo Reinado

  • A coroação de D. Pedro II ocorreu por meio do Golpe da Maioridade, em 1840.

  • Os dois partidos que controlavam a política brasileira eram o Partido Liberal e o Partido Conservador.

  • O sistema político brasileiro ficou conhecido como “parlamentarismo às avessas”.

  • Na economia, o café estabeleceu-se como nosso principal produto, e, entre 1840 e 1860, aconteceu um período de prosperidade conhecido como Era Mauá.

  • A abolição da escravatura foi resultado de uma intensa mobilização popular e política aliada com a resistência realizada pelos escravos. Concretizou-se com a da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.

  • A Guerra do Paraguai foi um divisor de águas na história do Segundo Reinado. Nesse conflito, o Brasil envolveu-se em uma luta contra o Paraguai entre 1864-1870.

  • Os militares foram o grupo de maior envolvimento com a Proclamação da República no Brasil. A proclamação de fato foi realizada por José do Patrocínio em 15 de novembro de 1889.

Contexto e fases do Segundo Reinado

O Segundo Reinado iniciou-se em 1840 por meio do Golpe da Maioridade. Por meio desse movimento, os políticos brasileiros, pela via dos liberais, anteciparam a maioridade de D. Pedro II para que ele pudesse assumir o trono. Isso aconteceu porque os liberais queriam recuperar o poder que estava nas mãos dos conservadores e porque acreditavam que a coroação do imperador colocaria fim em todos os conflitos que se avam no país.

Assim foi iniciado o Segundo Reinado, período que se estendeu por 49 anos e que pode ser dividido da seguinte maneira:

  • Consolidação (1840-1850): quando o imperador estava no poder e estabeleceu-o, a seu modo, sobre o país, colocando políticos e províncias rebeldes sob seu controle.

  • Auge (1850-1865): quando o poder do imperador era amplo e sua posição estava consolidada.

  • Declínio (1865-1889): quando surgem contestações contra a posição de D. Pedro II, e a economia do país não ia bem.

Política do Segundo Reinado

No caso da política durante o Segundo Reinado, o primeiro destaque a ser feito se dá pela atuação dos partidos políticos existentes. Os dois partidos que atuaram na política brasileira nesse período formaram-se durante o Período Regencial e eram conhecidos como Partido Conservador e Partido Liberal.

A disputa pelo poder realizada por conservadores e liberais era intensa e tinha impactos negativos para a política brasileira, pois gerava muita instabilidade. A saída encontrada pelo imperador foi promover uma política de revezamento em que conservadores e liberais alternavam-se na liderança do gabinete ministerial. Isso reduziu um pouco os conflitos.

Ambos partidos tinham leves diferenças de posição ideológica e de classe em que se apoiavam. Conservadores eram partidários de uma grande centralização do poder nas mãos do imperador, enquanto os liberais defendiam uma maior autonomia local para as províncias. Nesse sentido, as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling falam que conservadores sustentavam-se na “aliança da burocracia com o grande comércio e a grande lavoura de exportação”, e os liberais, em “profissionais liberais urbanos unidos à agricultura de mercado interno”|1|.

Apesar disso, uma crítica muito forte à atuação dos dois partidos e que já era realizada na época é a de que as divergências entre os liberais e conservadores eram quase inexistentes. Também se dizia, à época, que não havia nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder.

A distribuição do poder durante o Segundo Reinado acontecia de forma que o imperador tivesse amplos poderes na política. O imperador representava pessoalmente o Poder Moderador e estava à frente do Executivo. No Executivo também constava o Conselho de Estado. No caso do Legislativo, destacam-se os cargos de senador e deputado.

Por fim, da política brasileira, um último e importante destaque a ser mencionado é o que ficou conhecido como parlamentarismo às avessas. O Brasil funcionava como uma monarquia parlamentarista na qual o imperador interferia na política sempre que fosse necessário para garantir seus interesses. Assim, se fosse eleito um primeiro-ministro que não lhe agradasse, ele o destituía, e se a Câmara tomasse medidas que não lhe agradassem, ela era dissolvida.

e também: Conheça um pouco da história do Museu Nacional, destruído em um incêndio em 2018.

Economia do Segundo Reinado

Em termos econômicos, o grande destaque vai para a economia cafeeira, que se consolidou durante o Segundo Reinado como o principal meio de produção da economia brasileira. As zonas produtoras de café do Brasil nesse período foram três: Vale do Paraíba (RJ/SP), Oeste Paulista (SP) e Zona da Mata (MG).

A produção do café aconteceu (primeiramente no Vale do Paraíba) utilizando-se, principalmente, de trabalhadores escravizados. Inclusive, à medida que o número de escravos foi sendo reduzido no país, as regiões produtores de café tornaram-se grandes compradoras de escravos. O Oeste Paulista utilizou, a princípio, a mão de obra escrava, mas, ao longo da década de 1880, essa foi substituída pelos imigrantes que aram a chegar em grande volume no país.

Outro momento importante da economia brasileira, durante o Segundo Reinado, foi o de grande crescimento econômico marcado por algum desenvolvimento industrial: a Era Mauá. Tal prosperidade econômica aconteceu entre 1840-1860, e nela as receitas do Brasil aumentaram quatro vezes.

O crescimento econômico desse período é muito atribuído ao reflexo do fim do tráfico negreiro no país por meio da Lei Eusébio de Queirós, de 1850. Com essa lei, o tráfico negreiro foi proibido, e todos os recursos, que antes eram utilizados na aquisição de escravos, aram a servir para outros investimentos. As exportações do país aumentaram, e o investimento em estradas de ferro, por exemplo, aumentou bastante.

Abolição da escravatura

Durante o Segundo Reinado, a abolição da escravatura foi um dos temas centrais e alvo de debates acalorados nos meios políticos. O ponto de partida para que a abolição fosse decretada no Brasil foi a Lei Eusébio de Queirós, decretada em 1850 e que estipulava a proibição do tráfico negreiro no país.

Com essa lei, a abolição era questão de tempo, uma vez que era o tráfico que mantinha o elevado número de escravos no Brasil. Iniciou-se aqui uma transição lenta e gradual, na qual o objetivo da elite econômica do país era postergar a abolição tanto quanto fosse possível. Durante esse período de transição, foram decretadas diversas leis, como a Lei de Terras, Lei do Ventre Livre e Lei dos Sexagenários.

A abolição da escravatura aconteceu em 13 de maio de 1888, quando a princesa Isabel assinou a Lei Áurea. O fim da escravidão foi resultado de uma intensa mobilização popular e da ação dos escravos rebelando-se contra essa instituição. Para saber mais sobre o assunto, sugerimos a leitura deste texto.

Guerra do Paraguai

Um acontecimento marcante na história do Segundo Reinado foi a Guerra do Paraguai, conflito travado entre 1864 e 1870. Nessa guerra, Brasil, Argentina e Uruguai, por meio da Tríplice Aliança, lutaram contra o Paraguai, governado nessa época por Francisco Solano López. O Brasil venceu esse conflito, mas suas consequências para a economia do país e para a monarquia foram ruins.

O conflito foi resultado do choque de interesses territoriais, econômicos e políticos entre as nações da Bacia Platina (Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil). O combate iniciou-se quando os paraguaios aprisionaram uma embarcação brasileira, no final de 1864, e encerrou-se em 1870, quando o ditador paraguaio foi morto na Batalha de Cerro Corá.

A respeito das causas que levaram ao início da Guerra do Paraguai, sugerimos a leitura deste texto. Para saber mais sobre os principais acontecimentos dessa guerra, sugerimos a leitura deste texto.

Fim da monarquia

O marechal Deodoro da Fonseca liderou as tropas que derrubaram o Gabinete Ministerial em 15 de novembro de 1889.
O marechal Deodoro da Fonseca liderou as tropas que derrubaram o Gabinete Ministerial em 15 de novembro de 1889.

O fim da monarquia no Brasil foi resultado do desgaste dessa forma de governo com os interesses da elite política e econômica do país. Sua queda ocorreu por meio de seu rompimento com três importantes grupos do país: a Igreja (fator menos relevante), o Exército e a elite escravocrata.

O grupo que teve maior envolvimento com esse fim foi o Exército. Insatisfeito com a monarquia desde o fim da Guerra do Paraguai, os militares começaram a conspirar contra ela. Assim, em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca, liderando tropas militares, destituiu o Gabinete Ministerial, e, no decorrer desse dia, José do Patrocínio proclamou a República no Brasil.

Exercício resolvido

(Enem 2017) O movimento abolicionista, que levou à libertação dos escravos pela Lei Áurea em 13 de maio de 1888, foi a primeira campanha de dimensões nacionais com participação popular. Nunca antes tantos brasileiros se haviam mobilizado de forma tão intensa por uma causa comum, nem mesmo durante a Guerra do Paraguai. Envolvendo todas as regiões e classes sociais, carregou multidões a comícios e manifestações públicas e mudou de forma dramática as relações políticas e sociais que até então vigoravam no país.

GOMES, L. 1889. São Paulo: Globo, 2013. (Adaptado.)

O movimento social citado teve como seu principal veículo de propagação o(a)

a) imprensa escrita

b) oficialato militar

c) corte palaciana

d) clero católico

e) câmara dos representantes

Resposta: LETRA A

A campanha abolicionista ganhou força na década de 1880, e um dos meios de maior divulgação dessa causa foi a imprensa escrita. Diversos jornais divulgavam artigos favoráveis a essa causa, como o Jornal do Commercio, O Amigo do Escravo, A Gazeta da Tarde, A Liberdade, entre outros.

Notas

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 282.

 

Por Daniel Neves
Graduado em História

Com o Golpe da Maioridade, D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil em 1840.
Com o Golpe da Maioridade, D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil em 1840.
Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.
Deseja fazer uma citação?
SILVA, Daniel Neves. "Segundo Reinado"; Brasil Escola. Disponível em: /historiab/segundo-reinado.htm. o em 22 de maio de 2025.
Copiar

Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(TJ-SC) Sobre a Revolução Farroupilha, assinale a única alternativa que está INCORRETA.

a) Os promotores dessa revolução foram os estancieiros gaúchos que pretendiam separar-se politicamente do Brasil.

b) Foi a mais longa guerra civil brasileira.

c) Bento Gonçalves foi um dos líderes dessa revolta.

d) Foi um movimento liderado pelas elites empobrecidas, extremamente organizado militarmente e voltado para a solução dos problemas das camadas mais pobres da população do Rio Grande do Sul, e norte do Uruguai e Argentina.

e) Esse movimento teve também causas econômicas: o principal produto da região, o charque, comercializado no mercado interno foi taxado de forma elevada, o que facilitou a concorrência do charque platino, privilegiado pelas baixas taxas alfandegárias.

VER TODAS AS QUESTÕES
Exercício 2

(Consesp) Assinale a alternativa que apresenta o fato que marcou o início do Segundo Reinado no Brasil.

a) Noite das Garrafadas

b) Abdicação de Dom Pedro I

c) Golpe da Maioridade

d) Confederação do Equador

e) Ato Adicional de 1834

VER TODAS AS QUESTÕES
Exercício 3

(Instituto AO) Durante o Segundo Reinado, vários fatores contribuíram decisivamente para que a economia brasileira entrasse em um período de relativa prosperidade. No que diz respeito a esses fatores, assinale a alternativa correta.

a) Aumento da exportação de café, com a consequente formação de capitais para a indústria nascente.

b) Diversificação da atividade agrícola, com o surgimento de novos produtos de exportação, como cacau, borracha e café, além dos produtos tradicionais como açúcar e algodão; crescimento das atividades industriais e de serviços, impulsionado pelo café.

c) Início do processo de imigração, com a vinda de muitos italianos para trabalhar nos cafezais, verificando-se um expressivo aumento do mercado interno para os produtos industriais; adoção, por parte das fazendas de café, de equipamentos aperfeiçoados, fato que estimulou a indústria nacional.

d) Criação da tarifa Alves Branco, em 1844, que aumentou as taxas aduaneiras de artigos manufaturados importados, dando impulso ao processo de instalação de fábricas no Brasil; criação de leis que obrigavam a União a comprar produtos nacionais, a fim de estimular a indústria brasileira.

e) Início da Segunda Revolução Industrial, com a aplicação da força motriz do vapor em vários setores da produção, como o descaroçador do algodão, elevando a produtividade do trabalho e rompendo com o caráter monocultural da agricultura brasileira.

VER TODAS AS QUESTÕES
Exercício 4

(Instituto AO) A partir da década de 1880, verifica-se um substancial aumento na imigração europeia para o Brasil, em especial, italianos, alemães e portugueses, para trabalharem nas fazendas de café em substituição aos escravos. Sobre o assunto, assinale a alternativa correta.

a) A Igreja Católica, partindo do princípio de que todos os homens eram filhos de Deus, portanto, tinham alma, começou a pressionar D. Pedro II a dar liberdade aos escravos. Além disso, por serem maioria, temia-se uma revolta dos escravos em escala nacional.

b) Os africanos eram inadaptáveis ao trabalho agrícola e pouco lucrativos. Por isso os proprietários de terra deram início à sua substituição por imigrantes europeus, mais trabalhadores e conformados com a sua sorte.

c) A partir de meados do século XIX, consolidou-se a percepção de que a escravidão estava com os dias contados. Simultaneamente, transformações econômicas e sociais na Europa, que resultaram em crescimento demográfico, barateamento e aumento de escala dos transportes terrestres e marítimos, combinados com crises industriais e tensões sociais que provocaram grandes fluxos migratórios, tornaram os imigrantes, na visão da elite ilustrada brasileira, um substituto ideal dos escravos africanos.

d) Os proprietários de terras e de escravos, na sua grande maioria falidos, viam na abolição da escravatura um meio de obter compensações financeiras. Por isso deram início ao processo de imigração, trazendo europeus, que eram mais baratos, pressionando o Imperador a abolir a escravidão, indenizando-os.

e) Os imigrantes, enganados pela promessa de que o governo brasileiro lhes daria terras após 10 anos de trabalho na lavoura, vieram em grande número para o Brasil, decepcionando-se em seguida, aderindo, de um modo geral, ao anarquismo.

VER TODAS AS QUESTÕES

Artigos de Segundo Reinado


A chegada dos imigrantes

A Questão Christie

A Tarifa Alves Branco

Abolicionismo

O abolicionismo foi um movimento que se difundiu por todo o Ocidente com o objetivo de promover a liberdade dos escravizados vindos da África e seus descendentes.

Barão de Mauá

Batalha Naval do Riachuelo

Bill Aberdeen

O Bill Aberdeen foi uma lei inglesa que permitia que sua Marinha monitorasse o Atlântico Sul e aprisionasse navios negreiros como forma de pressionar o fim do tráfico negreiro.

Caifazes e o abolicionismo popular

Auxiliando fugas em massa de escravos, os Caifazes mostravam-se o setor mais avançado do abolicionismo popular em São Paulo.

Causas da Guerra do Paraguai

Maior conflito da América do Sul, a Guerra do Paraguai (1864-1870) teve como causas desavenças políticas, econômicas e territoriais entre as nações da bacia platina.

Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea?

Com a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888, aproximadamente 700 mil escravos conquistaram sua liberdade e enfrentaram novos desafios na condição de libertos.

Dom Pedro II

Dom Pedro II foi imperador do Brasil entre 1840 e 1889. Ficou marcado por ter sido um líder erudito e foi destronado com um golpe, em 1889.

Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai aconteceu de 1864 a 1870 e resultou na destruição completa desse país após mais de cinco anos de conflito.

Lei de Terras de 1850

Lei do Ventre Livre

A Lei do Ventre Livre foi promulgada em 1871 e fazia parte dos planos de abolição lenta e gradual. Ela decretou que os filhos das escravas seriam livres.

Lei dos Sexagenários

Lei dos Sexagenários, de 1885, foi uma das leis abolicionistas aprovadas no Brasil antes da abolição. Ela determinou que escravos com 60 anos ou mais seriam libertos.

Lei Eusébio de Queirós

A Lei Eusébio de Queirós, aprovada em 1850, determinou a proibição definitiva do tráfico negreiro no Brasil. Foi sancionada em resposta à pressão inglesa sobre o nosso país.

Leis abolicionistas

Na segunda metade do século XIX, uma série de leis abolicionistas foi sendo aprovada como forma de realizar a transição gradual até a abolição da escravatura.

O Ministério da Conciliação

Parlamentarismo às avessas

Revolta de Ibicaba

Revolta do Vintém

Revolução Praieira

A Revolução Praieira foi um conflito armado motivado pelas disputas entre as oligarquias pernambucanas e teve um caráter nativista impulsionado pela insatisfação popular.